A pandemia do novo coronavírus forçou medidas de isolamento social que ainda não foram completamente superadas no Brasil. Com o retorno gradual das atividades e a consequente mobilização de pelo menos parte dos trabalhadores para seus postos de trabalho, é crescente a preocupação com ações de combate à disseminação do vírus, de modo que haja segurança para funcionários e clientes.
Neste sentido, uma tecnologia de nebulização ultrassônica com ácido peracético tem sido aplicada por empresas de diferentes segmentos para eliminar o novo coronavírus dos ambientes, além de outros vírus, bactérias e fungos. Para entender como funciona este processo, conversamos com Willian Saito, gerente geral da TerraNova, empresa responsável pelo produto.
De acordo com o especialista, o ácido peracético é classificado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como de alto nível de desinfecção, ou seja, capaz de eliminar todos os tipos de fungos, bactérias e vírus, incluindo o novo coronavírus. O produto recebeu laudo de validação da Unicamp no tocante à eficiência no combate à Covid-19.
Saito afirma que a nebulização ultrassônica do ácido peracético tem sido realizada em edifícios comerciais, escritórios, hospitais, carros de aplicativo de transporte e emissoras de rádio e televisão nos últimos meses. Ainda segundo o gerente geral da TerraNova, redes de shoppings e hotéis também estão interessadas no produto.
“Já existe procura de alguns shoppings e hotéis. Em locais onde há grande fluxo, discutimos a desinfecção de banheiros, elevadores, escadas rolantes; e o segundo ponto, nos shoppings, é uma proliferação de fungos muito grande dentro das lojas, principalmente em produtos de couro. E por que houve essa contaminação? Porque foram desligados os ares-condicionados, que ajudam a evitar a proliferação quando estão funcionando”, explica.
“Nos hotéis, a ideia é deixar um funcionário com o equipamento e assim que vagar o quarto, ele faz a aplicação. É um desinfetante orgânico que não deixa residuais no espaço, se decompõe em água e oxigênio, não dá alergia nem contamina as pessoas que venham a tocar na superfície”, complementa o especialista.
Gerente de Propriedade da CBRE, Gilberto Matrangolo conta à Smartus como tem sido a experiência de aplicação do produto no edifício Plaza Iguatemi: “A nebulização é muito intensa, mas não é um produto tóxico. Mesmo em um ambiente fechado, depois de 15 a 20 minutos, aquela névoa se dispersa, desaparece e não fica nenhum resíduo nas paredes nem no piso”.
No serviço prestado pela TerraNova, sempre há presença do operador do equipamento e de pelo menos um técnico – microbiologista, biólogo, farmacêutico ou químico – para realizar coletas antes e depois da aplicação do ácido peracético.
“Ambas amostras são levadas no mesmo dia para um laboratório credenciado Reblas Anvisa (Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde), o que significa que há um padrão nacional de análise das coletas microbiológicas. Depois de uma semana, retornamos com o laudo do que tinha antes e depois no ambiente”, informa Saito.
Novo mercado
O especialista afirma que a nebulização ultrassônica do ácido peracético é usualmente aplicada nas indústrias químicas em geral, de alimentos, cosméticos e medicamentos, mas que o novo coronavírus abriu um novo mercado para a desinfecção de ambientes: “Nosso foco sempre foi industrial. Pensando em edifícios doentes, já havíamos trabalhado para a embaixada chinesa, mas era um mercado que não nos dava atenção”, revela.
“O que as pessoas não conseguem ver, não as torna sensíveis. Quando o coronavírus chegou, as empresas começaram a nos ligar em busca de uma solução mais profissional. Fomos chamados pela Cushman & Wakefield para conversar sobre uma metodologia de aplicação: se conseguiríamos criar um programa para edifícios doentes, se tínhamos o conhecimento técnico, o equipamento, se a desinfecção era garantida”, continua Saito.
“Depois conversamos com a CBRE e começamos a fazer em prédios comerciais, escritórios de advocacia etc. O coronavírus abriu um novo mercado e é um momento no qual a indústria desacelerou projetos. Retiramos equipamentos de algumas indústrias e mobilizamos para o coronavírus. Hoje, ele responde por 85% do faturamento da empresa e é ascendente a cada mês”, completa o especialista.
Passados quatro meses desde que foi registrado o primeiro caso oficial da doença no país, as empresas entenderam que pelo menos até o final do ano será necessário ter recorrência na aplicação de desinfetantes industriais. “Temos contratos fechados até dezembro com aplicações periódicas, a cada 15 dias, semanalmente ou uma vez por mês”, diz Saito.
Segundo Matrangolo, no Plaza Iguatemi, a nebulização ultrassônica de ácido peracético foi contratada para os meses de junho, julho e agosto, mas ele acredita que a desinfecção será realizada até o final do ano. “Em junho, será uma vez a cada 15 dias e em julho deve ocorrer uma vez por semana”, afirma.
Sobre a recorrência da aplicação, Saito explica que nos edifícios é difícil mensurar a curva de recontaminação do ambiente. “Em uma indústria, isso é periódico. Pensando no escritório, o que vai contaminar o local é o fluxo de pessoas. Não dá para determinar um período para desinfecção. Criamos os cenários para o cliente, damos uma diretriz e ele toma a decisão se faz sentido realizar periodicamente. Nós oferecemos os instrumentos para o cliente tomar a decisão com base nos estudos”.
Serviço
Laboratório responsável pelo ácido peracético: Thech Desinfecção
Empresa responsável pela tecnologia de nebulização ultrassônica: TerraNova
Ácido peracético utilizado na indústria de alimentos: Havoxil
Ácido peracético utilizado nos edifícios doentes: Voxilon
Responsável pelo laudo de eficiência contra o coronavírus (para o Voxilon): Unicamp
FONTE: Smartus